
Agência acredita que o Brasil se beneficiará da adoção de um novo modelo de rotulagem de alimentos, que permita ao consumidor fazer escolhas mais saudáveis
Os rótulos de alimentos processados e ultraprocessados devem informar de maneira direta e rápida o consumidor se há excesso de sódio, açúcar, gordura total, gordura trans, gordura saturada e/ou adoçantes. A defesa é feita pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, entidade que acredita que o Brasil se beneficiará da adoção de um novo modelo de rotulagem de alimentos, que permita à população fazer escolhas mais saudáveis.
Atualmente, o tema está sendo analisado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com a participação de diversas instituições.
A OPAS defende que a parte frontal da embalagem deva trazer um selo em formato de octógono, com fundo preto e letras brancas, que informe sobre o alto teor desses nutrientes críticos da seguinte forma: “muito açúcar”, “muito sódio”, “contêm adoçantes”, entre outros.
Esse modelo, que já se mostrou eficaz no Chile e cuja implantação está sendo estudada pelo Uruguai, foi escolhido depois de diversos estudos científicos e de opinião evidenciarem que a advertência frontal é a que mais ajuda a população a identificar produtos com excesso de nutrientes críticos.
Facilidade e rapidez
“Os consumidores têm pouco tempo para ficar analisando os rótulos, tentando descobrir se aquele produto que se diz ‘fit’ é saudável ou não. Por isso, propomos um modelo que junta facilidade e rapidez no acesso à informação, melhorando a capacidade do consumidor de tomar uma decisão crítica e bem informada na hora da compra. É muito simples entender que quanto mais selos um produto tem, pior ele é”, afirma Alice Medeiros, consultora de Nutrição e Alimentação da OPAS/OMS no Brasil.
A OPAS também recomenda que aqueles rótulos com um ou mais selos não devem conter declarações ou argumentos fantásticos sobre seus efeitos nem destacar atributos saudáveis ou apresentar desenhos animados, personagens e celebridades com apelo ao público infantil.
“Queremos evitar, por exemplo, que aquele iogurte de morango cheio de açúcares e conservantes, que não tem sequer um morango entre os ingredientes, utilize o rótulo para enganar a população, sugerindo que há fruta naquela embalagem”, explica a consultora da OPAS/OMS.
Consumo consciente
Segundo a representante adjunta da OPAS/OMS no Brasil, María Dolores Pérez-Rosales, o novo modelo de rotulagem permitirá que os brasileiros estejam conscientes em relação ao que consomem. “A má alimentação é um dos principais fatores de risco para doenças crônicas como diabetes e hipertensão, além de estar diretamente ligada ao sobrepeso e à obesidade. Os selos de advertência ajudarão as pessoas a estarem mais bem informadas e fazerem escolhas saudáveis”.
Alimentação saudável
Para a OPAS/OMS, a base da alimentação deve ser feita de alimentos in natura e minimamente processados. Alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza, como folhas e frutos ou ovos e leite. Alimentos minimamente processados são alimentos in natura que foram submetidos a alterações mínimas, a exemplo dos grãos secos polidos ou moídos na forma de farinhas, cortes de carne resfriados ou congelados e leite pasteurizado.
Alimentos processados
Os alimentos processados (queijo, pães, geleias, frutas em calda) são produtos relativamente simples, fabricados essencialmente com a adição de sódio ou açúcar ou outra substância de uso culinário, a exemplo do óleo, a um alimento in natura ou minimamente processado. Devem ser consumidos em pequenas quantidades e como ingredientes ou parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.
Alimentos ultraprocessados