Combate ao Aedes: mitos e verdades sobre o mosquito

Os sites de busca são muito usados pelas pessoas que possuem alguma dúvida sobre os mais diversos assuntos. Quando se trata do mosquito Aedes aegypti, uma das dúvidas mais comuns é: “quais doenças ele transmite?”. O Aedes é, cientificamente comprovado, transmissor da dengue, febre chikungunya, zika vírus e febre amarela urbana. Enfermidades que podem deixar sequelas e levar a óbito.

Outras perguntas comuns dos internautas são, se o mosquito pica somente de dia; qual a melhor forma de prevenção; e até, se ele transmite o vírus HIV. Para responder a estas dúvidas, o Blog da Saúde conversou com coordenador do Programa Nacional de Controle da Malária, Dengue, Zika e Chikungunya do Ministério da Saúde, o entomologista Divino Valério Martins.

Segundo Divino, o Aedes aegypti está presente em 148 países. E países da América do Sul, como Argentina e Uruguai, que não tinham registros, já começam a ter casos de transmissão em áreas muito frias. O mosquito tem se adaptado e se aperfeiçoado e o recado do Ministério da Saúde é que cabe a nós, sociedade, nos prepararmos para enfrentar este problema.  

Repórter: Citronela, andiroba e óleo de cravo: estes produtos funcionam para afastar o mosquito Aedes aegypti?

Essas alternativas não são totalmente ineficazes, mas elas não garantem o resultado que as pessoas esperam com relação ao Aedes aegypti. O indicado é observar o que o Ministério da Saúde recomenda: tirar 10 minutos do tempo de cada um, e o próprio cidadão inspecionar a sua casa, verificar se não há nenhum depósito com a água parada, depósitos expostos à chuva ou qualquer objeto que possa acumular água.  

Repórter: O Aedes aegypti só pica de dia? O Aedes aegypti tem hábitos diurnos, no interior da residência ele pode ser encontrado, preferencialmente, em locais sombreados e escuros, como por exemplo, atrás da geladeira, atrás das cortinas, atrás do guarda-roupa. O Aedes pode se alimentar de sangue humano durante o dia inteiro. O cidadão deve arejar a casa, abrir as janelas, ventilar o ambiente, pois o inseto tem fotofobia - aversão à luz -. Assim, recomenda-se manter a casa diariamente arejada e clareada. Mas, atenção: se existir algum espécime do vetor dentro de casa, em que o morador passe o dia inteiro fora e inexistir fonte de alimentação, pode ocorrer do Aedes aegypti picar no período da noite. Ele é um mosquito inteiramente adaptado e adaptável ao meio urbano. Comumente, ele pica durante o dia, mas dependendo da necessidade e do ambiente, ele pode picar a noite também.

Repórter: O mosquito já nasce infectado pelas doenças que transmite?

O mosquito pode apresentar partículas virais, no entanto, a carga não é suficiente para infectar outras pessoas. Ele se infecta ao picar um ser humano em seu período de viremia, em que o paciente apresenta os primeiros sintomas, e geralmente dura uma semana.

Repórter: O Aedes aegypti se reproduz apenas em água limpa?

Isso é um mito! Nos últimos 20 anos vem ocorrendo um processo de adaptação biológica no vetor. Hoje, com os altos índices de infestação, a probabilidade da adaptação é alta. Atualmente já encontramos Aedes em fossas, cisternas, boca de lobo, ou seja, depósitos que antes não eram explorados pelo mosquito vêm sendo utilizado para postura dos ovos. É possível encontrar o Aedes aegypti na água suja sim.

Repórter: O Aedes aegypti pode transmitir o vírus HIV?

Não. Até o presente momento o Aedes aegypti transmite, comprovadamente, dengue, febre amarela urbana, Zika e chikungunya.

Repórter: O mosquito pica em áreas da zona rural?

Não há registro de grandes infestações ou infestação considerável de Aedes aegypti em área rural.

Repórter: Qual a melhor forma de proteção/prevenção?

O Ministério da Saúde vem investindo maciçamente num processo de conscientização, de mobilização e participação popular. Hoje, existem, aproximadamente, 300 mil agentes de saúde em todo o território nacional, nas Secretarias Municipais de Saúde. Parece suficiente, mas quando o assunto é controle de Aedes, este quantitativo torna-se insignificante. A participação popular e a cooperação de todos os cidadãos no monitoramento e vigilância de seu próprio imóvel, na conscientização das pessoas de seu meio social, ajudam a manter sob controle os depósitos de armazenamento de água. Ao promover a divulgação da informação, conseguiremos vencer essa batalha. Em 2017, por exemplo, a análise comparativa com os anos de 2015 e 2016, demonstra que o grande resultado começou. O número de casos autóctones em todo o país foi baixo, e boa parte desse resultado pode ser atribuído à participação popular. Todo mundo precisa entender que isso não é uma responsabilidade somente do governo, mas de todos nós.

Fonte: Blog da Saúde

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