Quando a tecnologia se torna uma arma contra crianças e adolescentes

Você já viu alguma criança portando celular, tablet ou notebook e até passando horas usando estes equipamentos? Se tratando dos adolescentes, então, é bem difícil encontrar algum que não desfrute da tecnologia. Claro, ela facilita a comunicação, inclusive com os pais, e ajuda nas pesquisas escolares, trazendo conteúdos acadêmicos e atualizados. Mas também existe muito perigo por trás desses dispositivos: prejuízos à saúde mental, física e à segurança destes usuários mirins.

No Brasil, 80% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos usam a internet. Desses, 66% acessam a rede mundial de computadores mais de uma vez por dia, principalmente por meio de smartphones. Preste atenção nestas informações: 21% dos adolescentes já deixaram de comer ou dormir por causa da internet, 17% procuraram formas de emagrecer, 10% para machucar a si mesmo, 8% relataram formas de experimentar ou usar drogas e 7% formas de cometer suicídio. Todos estes dados são da pesquisa TIC KIDS ONLINE-Brasil 2015, feita pelo Comitê Gestor da internet e o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação.

O que dizem os pediatras

Foi a partir destes dados que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) elaborou um documento com recomendações para os profissionais de saúde, para pais e responsáveis e para as próprias crianças e adolescentes sobre o uso das tecnologias. Um dos principais alertas é o seguinte: a internet deixa as crianças e adolescentes “expostas numa rede totalmente incontrolável”.

O documento da SBP enumera os seguintes sintomas do uso precoce e excessivo das tecnologias:

• Cyberbullying, transtornos de sono e alimentação, sedentarismo, problemas auditivos por uso de headphones, problemas visuais, problemas posturais e lesões de esforço repetitivo;

• Problemas que envolvem a sexualidade, como maior vulnerabilidade à pornografia, acesso facilitado às redes de pedofilia e exploração sexual online;

• Compra e uso de drogas;

• Pensamentos ou gestos de autoagressão e suicídio;

• “Brincadeiras” ou “desafios” online que podem ocasionar consequências graves, inclusive a morte.

Evelyn Eisenstein, pediatra e membro do Departamento Científico de Adolescência da SBP, chama a atenção para a ausência de controle por parte dos adultos. “Se nós somarmos os pais que nada sabem sobre o que os filhos estão fazendo ou que sabem mais ou menos do que os filhos estão fazendo nas redes sociais, nós temos quase que 52% do total. Mais do que a metade dos pais pouco sabem do que seus filhos estão acessando”, adverte. 

Atenção, pais!

Para a SBP, esta é uma questão de saúde pública, pelos inúmeros sintomas apresentados, de educação, por causa da queda do rendimento escolar e de segurança. “Ao todo, 41% das crianças e adolescentes já sofreram discriminação, que são casos de violência online. Outros 42% já se encontraram com desconhecidos. Imagina o perigo! Internet e redes sociais não são uma brincadeirinha, não é uma distração”, reforça a médica e estudiosa sobre o assunto, Eisenstein.

O apelo da Sociedade Brasileira de Pediatria é para que os pais exerçam o papel de mediadores. Estas são algumas recomendações da SBP:

• Supervisione o que os filhos acessam

• Limite o tempo dedicado aos aparelhos

• Impeça o uso em local isolado

• Oriente sobre os perigos da web

• Impeça o uso por crianças menores de dois anos.

Nas escolas, professores podem contribuir com esta tarefa. “Temos principalmente que evitar o abandono afetivo, para se beneficiar do lado positivo da tecnologia”, explica a pediatra.

Clarissa Ludovico já tinha alguma noção dos males do uso exagerado da tecnologia, mas quando soube de alguns dos sintomas apontados pela Sociedade Brasileira de Pediatria, disse que vai ficar ainda mais atenta com os filhos. “Pensando bem, é um acesso muito fácil a coisas perigosas. Agora eu vou controlar bem mais. Eu entendo que é muito sério e que tudo tem que ser controlado”. 

Acesse aqui o Manual de Orientação “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, da Sociedade Brasileira de Pediatria.  

Fonte: Blog da Saúde

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