
Naturalmente presente em cereais como trigo, centeio e cevada, o glúten, apesar da recente notoriedade, não é uma “invenção” moderna. O ingrediente serve, sobretudo, para dar elasticidade a receitas de massas como a dos pães, um dos alimentos mais antigos (e seguros) do mundo. Sua ação acontece quando a massa é sovada. Nesse momento, o glúten origina estruturas que aprisionam o gás carbônico proveniente do fermento, ajudando-a a crescer e a ficar macia.Conversamos com Melissa Santos, especialista em nutrição esportiva, nutrição clínica funcional e nutricionista da academia de ginástica Cia. Athletica e Dagmarcia Neuza David, nutricionista da Paraná Clínicas, que esclareceram algumas dúvidas sobre esse ingrediente.
Afinal, o glúten é tão vilão quanto as notícias vêm informando, especialmente nos últimos anos?
O glúten pode se tornar um vilão quando consumido por pessoas que possuem intolerância ao nutriente, uma condição conhecida como doença celíaca (de característica autoimune, não uma reação alérgica), que atinge cerca de 1% da população. No organismo dessas pessoas, o ingrediente provoca reações como diarreia, inflamação e inchaço na região intestinal, constipação, flatulência, fadiga e dermatites. Nestes casos, a indicação é manter-se totalmente distante do glúten. O sistema imunológico dos portadores da doença é incapaz de distinguir entre componentes próprios e não próprios. Assim, o organismo cria uma resposta imunológica contra seu próprio tecido saudável, danificando as vilosidades do intestino delgado e levando à má absorção de nutrientes.
Então indivíduos normais, sem nenhum tipo de dificuldade na metabolização do glúten, podem consumir alimentos com esse ingrediente sem maiores preocupações?
Para pessoas sem a doença e sem a sensibilidade, recomenda-se sempre um consumo moderado, pois farinhas e massas em excesso significam uma alimentação pobre e desequilibrada em nutrientes. Quando consumido em excesso, o glúten se assemelha a uma “cola” no intestino, dificultando a absorção de nutrientes essenciais para o organismo. Portanto, é preciso estar alerta, mas sem radicalismos. Uma recomendação interessante é estar atento às reações após o consumo de determinados alimentos. Enxaquecas após a ingestão de massa, por exemplo, pode indicar uma intolerância ao glúten. Assim como inchaço abdominal após o consumo de queijos pode estar associado a uma sensibilidade à lactose.
Fonte: Gazeta do Povo